Na Ilha Esmeralda II - Kildare
"Christianity slowly took root, assimilating features of the older beliefs and practices, including, for example, the use of sacred wells, the celtic celebration of Imbolc and the use of fire. It was at this time of transition that the historical Brigid of Kildare was born. Brigid the saint, inherits much of the folklore associated with the goddess Brigid, a dimension which contributes to her popularity. It may be an exercise in futility to try separating the historical christian Brigid from the goddess since, clearly, the two are so interwoven.(...)"
Catedral de St. Brigid
A chama de Brigid que ardeu durante cerca de 1500 anos (se consideramos a possibilidade do culto à deusa Brigid), foi extinto por volta do séc.XVI e foi reacesso em 1993 na Praça do Mercado. E arde desde então...
Assim que decidi seguir caminho em busca do Poço Sagrado. Adoro os irlandeses! Fui perguntando pelo mercado como chegar até a poço, pois aparentemente ficava fora da cidade. Quando me dei conta, um grupo de feirantes preocupadamente estudava a possibilidade de ir até a poço sozinha. Uma senhora dizia que não devia ir sozinha pois era longe, um senhor perguntava a outro se era perigoso, outra mulher exclamava que se eu fosse sua filha não me deixaria ir sozinha, outro assegurava que não havia qualquer problema, que nunca tinha passado nada. Contrariadas, as senhoras apontaram a direcção e lá fui eu. Realmente era um pouco isolado, mas foi um passeio impressionante... a Irlanda não é chamada a Ilha Esmeralda por nada... especialmente num dia incrivel de sol em pleno inverno.
Existem dois poços. O primeiro, reclamam alguns, é o original dedicado à Deusa Brigid; o outro, mais tardio, dedicado a St.Brigid, lugar de devoção particularmente no dia 1 de Fevereiro. Em cada poço podemo encontrar pequenos pedaços de tecidos pendurados nas ramas das árvores, memórias de desejos dos pelegrinos que por ali passaram.
Poço de St. Brigid
"Ritual at St. Brigid's Well and Prayer Stones
(...)There are five prayer stones standing in line and the practice is to stop at each stone in turn and dwell on an aspect or quality of Brigid.
1st prayer stone - Brigid: A woman of the land (...)
2nd prayer stone - Brigid: The peacemaker (...)
3rd prayer stone - Brigid: The friend of the poor (...)
4th prayer stone - Brigid: The hearthwoman (...)
5th prayer stone - Brigid: Woman of contemplation (...)
The round well - We gather around the well. Water has always been a symbol of life and healing. Wells were tradicionally heaing places for many ills. (...) Pilgrims are invited to pray in tradicional celtic fashion by circling "deiseal" (sunwise) three times. This movement is in harmony with ourselves and with the universe. (...) Pilgrims sometimes relax with a meditative sacred dance around the well and conclude the ritual with an old irish blessing." (*)
Claro que era inconcebível deixar Kildare sem levar comigo algumas cruzes de Brigid. Imaginamos, ou pelo menos eu imaginei, que no berço do culto venderiam as ditas cruzes "a granel". Pois, não sabem o que corri para encontrá-las! Corri não sei quantas lojas, tive uma conversa muio interessante com o dono duma loja esotérica, fui muito bem recebida no centro paroquial e acabei na casa de Solas Bhride - Christian Community Center for Celtic Spirituality in the Spirit of Brigid of Kildare, falando com uma senhora simpatiquíssima pertencente à Irmandade de Brigid. É incrivel como as tradições ancestrais foram tão engenhosamente resgatadas pelo cristianismo e como na Irlanda estas convivem tão harmoniosamente, sem a tipica furiosa negação das raizes pagãs de algumas tradições cristãs. Talvez seja essa uma das razões pelo que o chamado Cristianismo Celta seja tão particular... Bom, esta senhora levou-me ao que ela chamava "A Sala de Brigid": uma sala onde, num dos cantos, se encontrava uma vela cuja chama, explicou-me Mary, mantêm sempre acessa; nas paredes haviam paineis lindos representando Brigid e a chama; nas prateleiras haviam imensos livros e estatuetas, não apenas cristãos mas também de inspiração pagã. Comprei-lhe algumas cruzes e ela ofereceu-me um livro "Rekindling the flame - a pilgrimage in the footsteps of Brigid of Kildare" (*) , uma vez que vim de tão longe para ir a Kildare. Os excertos que coloquei acima são deste livro qu a Irmã Mary me deu. É ou não uma prova que em nenhum momento os cristãos desta terra renegam as suas origens?
Etiquetas: Monumentos, Natureza, Viagens